"É a festa das festas, que supera não só as festas humanas, mas até mesmo as festas de Cristo, como a luz do sol é mais brilhante do que a das estrelas, o dia da ressurreição é o início da verdadeira vida. "
São Gregório de Nazianzo

Acabamos de comemorar a Páscoa verdadeira, a Ressurreição de Senhor. Esta é a passagem da morte para a vida, da escravidão para a liberdade, das trevas à luz, do sofrimento para a cura.

Estamos agora nos deleitando com a luz da sua ressurreição gloriosa. O brilho destes dias é a nossa participação na vida "real" que São Gregório fala acima. Podemos ver isso tudo ao nosso redor na natureza.

São Gregório passa a lista de muitas coisas na natureza que nos revelam esta nova vida brotando em sua homilia de Páscoa.

Ele diz que tudo está "conspirando, regozijando-se pela beleza desta festa." Tudo ao nosso redor é um hino a Cristo, que surgiu do túmulo para dar vida a todo o mundo. Ele começa assim: "Agora, o céu brilha mais intensamente, o sol está mais alto e brilha mais dourado, agora a orbe da lua é mais brilhante, o coro de estrelas brilha mais claramente. Agora as ondas do mar faz as pazes com as costas, as nuvens com o sol, o vento com o ar, a terra com as plantas, as plantas com os nossos olhos. Agora as fontes jorram com um brilho novo, agora os rios fluem com mais abundância, liberados das amarras do gelo do inverno. Agora, o campo é perfumado, a grama está pronta para cortar a relva, e os cordeiros saltam pelos campos verdes ... Todas as coisas cantam e louvam a Deus e lhe dão glória com as vozes sem palavras. Porque Deus recebe o meu agradecimento por todas estas coisas: assim cada uma de suas maravilhas se torna o nosso hino, para que eu faça então um hino a Ti! ... Agora é a primavera do mundo, a fonte espiritual, a primavera para as nossas almas, a primavera para que nossos corpos, a primavera visível, invisível primavera. "

Essas poderosas palavras expressam a resposta da criação à Páscoa de Nosso Senhor. Há duas Páscoas a se comemorar. A primeira é a de Nosso Senhor, e a segunda é a nossa. Mas estas não são mutuamente exclusivas.

Nossa páscoa, da morte para a vida se torna possível pela ressurreição gloriosa de Cristo. Nós somos aqueles que estão nos túmulos que Cristo veio libertar .

Nós somos Adão e Eva que estão sendo arrancados do sono da morte.

É neste dia radiante que temos de continuar a brilhar a glória da ressurreição de Cristo por toda uma vida radiante. Tornamo-nos parte dessa nova criação.

A festa é também nossa própria passagem da tirania do pecado e da morte para a vitória e a alegria do Reino. Assim como aprendemos a nos preparar e jejuar para o encontro de Cristo durante o Grande Jejum (Grande Quaresma), assim devemos assimilar o sentido verdadeiro da festa, como festejar a Páscoa.

Festejar não é apenas comer carne e laticínios. A verdadeira festa cristã, especialmente na Páscoa se faz por nela ser oferecido a nós o Cristo nesta nova criação, onde já morremos com Cristo e nos tornamos participantes de Deus em Sua ressurreição.

Assim, a nossa festa se torna uma oferta contínua de nós mesmos a Cristo.

É uma festa de renovação onde colocamos fora o velho, e caminhamos em novidade de vida (Ef 4:22). "Deixe o seu ser velho se fazer novo! Celebre a renovação de sua alma!" diz São Gregório, salientando a nos como podemos continuar a festa da ressurreição.

Ele nos convida a "colocar restrições sobre tudo o que é a fonte da morte, treinar todos os seus membros, desenvolver um ódio por todos os frutos da árvore do mal ...

Esta é a maneira como uma pessoa humana é renovada, esta é a forma como o Dia da Renovação deve ser honrado: com este tipo de adorno, com um banquete como este!

"... Traga-a como que sendo a sua oferta para o festival: Mudar para melhor ... a Escritura não deseja manter-se sempre que vocês são, mas ao contrario, para que em constante movimento, beneficamente em movimento, nos fazermos mesmo "uma nova criação" Se você é um pecador, se volte para o bem, e se você estiver caminhando na virtude,mantenha-se no seu curso. "

Assim, vemos que temos de continuar nesta vitória pascal durante esta temporada inteira e em toda a nossa vida. A Páscoa deve ser um começo e não um fim.

Estamos tão acostumados em nossa cultura a gastar toda a nossa energia na nossa preparação para um evento e, em seguida, quando o evento ocorre, nós relaxamos e "fazer uma pausa." Bem, na vida da Igreja, onde participamos de Cristo a cada festa, cada liturgia é um começo, uma renovação, um renascimento em Cristo.

É por isso que a Festa da Páscoa dura quarenta dias e depois passamos a esperar a vinda do Espírito Santo.

Começamos a entrar no tempo do Reino, onde nós começamos a ver toda a nossa vida transformada na presença da Santíssima Trindade.

O nosso pecado, a morte, as situações impossíveis, decepções, lutas, derrotas, começam a brilhar de alguma forma com a luz de Cristo, que brilhou diante o túmulo.

Isto é onde a luz da Páscoa começa a despontar em nossos corações.

São Macário de Corinto desenvolveu esta ideia, e a encontramos em uma paráfrase maravilhosa de uma das suas homilias elaboradas sobre o tema.

"Quando você ouvir que Cristo desceu ao inferno, a fim de libertar as almas lá, não pense que o que acontece agora é muito diferente. O coração é um túmulo e os nossos pensamentos e nosso intelecto estão enterrados, presos na mais pesada escuridão. E assim Cristo vem e invoca as nossas almas que estão no inferno , ou seja, nas profundezas do coração, e ali Ele ordena a morte que liberte os presos, ou seja; que liberte as almas dos que clamam a Ele, porque Ele tem o poder de nos libertar. Então, erguendo a pesada pedra que oprime a alma, Ele abre o túmulo, Ele ressuscita-nos - a nós que estávamos realmente mortos - e liberta a alma aprisionada em um cárcere sem luz ... Qual foi o motivo de Sua descida à terra, exceto para salvar os pecadores, para trazer luz para aqueles na escuridão e vida aos mortos? "

Por isso, devemos ver a festa da ressurreição de Cristo existindo continuamente hoje, pois Cristo ressuscitou e "aos que estavam no tumulo, Cristo deu a vida."

Cristo ressuscitou! Em verdade ressuscitou!