Missão Ortodoxa da Proteção da Mãe de Deus
Igreja Ortodoxa Russa - Patriarcado de Moscou
Diocese da Argentina, Brasil e América do Sul
O desafio de educar os filhos no século XXI
Padre Alexis Miller. Fonte :http://beta.acrod.org

Nós, cristãos ortodoxos, muitas vezes dizemos que a casa deve ser como uma "igrejinha". Na Romênia, um país do tamanho do estado da Pensilvânia, mas que possui mais de 500 mosteiros, se vai um pouco mais longe, e é costume dizer que cada casa deve ser como "um pequeno mosteiro".

Tenho a firme convicção, de que em razão de nossa cultura ser a cada dia mais secular e hedonista, estas palavras são hoje mais verdadeiras e necessárias do que nunca antes haviam sido.

Para educar as crianças cristãs no Ocidente do século XXI, os pais precisam de toda a ajuda possível, a começar da Igreja, e sim, também tendo como parâmetros os mosteiros.

Como pai de quatro filhos e um profissional que lida com jovens em um ambiente secular, tenho experiência em trabalhar com crianças, podendo observar os resultados bem sucedidos para aqueles que criaram os filhos com sabedoria e de acordo com as leis de Deus, assim como pude observar o verdadeiro estrago causado por pais que não desejaram aproveitar dos recursos da nossa rica herança espiritual cristã.

Sempre digo aos pais : "Vocês devem ser militantes contra a nossa cultura (a cultura do mundo), se desejarem ser bem sucedidos na criação dos seus filhos".

Infelizmente, a maioria desses pais não são membros da Igreja e por isso não possuem as armas necessárias para se engajar com sucesso nesta batalha cultural.
E nisso, muitos deles são vitimados pela força das influências culturais, que fazem com que os seus filhos se envolvam com o álcool, cigarros e outras drogas, com o comportamento criminoso variado, a promiscuidade escolar, e claro, o mau desempenho escolar.

Neste artigo, vou compartilhar algumas sugestões de formas que nós, como cristãos ortodoxos possamos educar as nossas crianças, para que elas sejam capazes de resistir as forças anticristãs presentes em nossa cultura.*

Se algumas destas sugestões forem muito difíceis para você, em razão do quão empregando dos valores anticristãos se encontra o seu lar, me perdoe, pois não é a minha intenção condenar alguém ou fazer com que se sinta culpado por falhar no que diz respeito a paternidade ou nas relações familiares.

A minha esperança é levar orientações para aqueles que estão enfrentando o desafio de conduzir as suas famílias cristãs, as preservando, em meio a um ambiente cultural antagônico.

Vou começar com alguns princípios: os pais cristãos precisam estabelecer casamentos sólidos, no sentido de que eles sabem que são casados e o que isso significa, no compromisso entre os cônjuges e na firmeza de sua vinculação a Igreja.

Muitos dos pais que trabalham comigo estão tão ocupados em resolver as suas próprias novelas pessoais, que não encontram tempo e energia emocional para dar aos filhos a orientação e a proteção da qual as crianças precisam.

Se você se casou na Igreja Ortodoxa e tem filhos, você não pode ser um adolescente. Não tem o direito de ficar se perguntando se você se casou com a pessoa certa, ou mesmo se ocupar em fazer do seu cônjuge "a pessoa certa".

A Graça do Sacramento do Matrimônio foi dada a você, e o que lhe cabe agora é colocar as mãos no arado e trabalhar, sem nunca mais olhar para trás.

Se o seu cônjuge não consegue te fazer feliz, lembre-se : Viemos a este mundo para sermos santos e não para sermos felizes.

Com um bom casamento e uma vida centrada em sua paróquia, os pais ortodoxos devem compreender perfeitamente a intensidade da vigilância que a sua missão exige.

Aqui estão algumas sugestões práticas:

1- As crianças devem ir para a cama à noite tendo lido uma história da Bíblia, que deve ser lida para eles pelos pais. Um bom livro apropriado sobre as histórias bíblicas, pode fazer com que as crianças apreendam em um curto espaço de tempo os temas de conteúdo moral e espiritual do Antigo e do Novo Testamento.

Com meus filhos, tenho usado um mesmo livro por muitas vezes durante os últimos 23 anos. Quando chego ao fim, simplesmente começo novamente, desde o início. Cada vez que as crianças ouvem novamente as histórias, há algum crescimento, mesmo que centímetros, na maturidade de cada uma para compreender as histórias, cada vez sendo compreendidas em um nível mais profundo.

2) A família precisa rezar unida. Nós temos um pequeno e maravilho livro de orações, que usamos em nossa casa há anos. Cada semana cantamos as orações segundo o tom da semana. Que alegria poder cantar em nossa casa os cantos litúrgicos que cantamos nas Vésperas da noite de Sábado na Igreja !
As famílias devem se reunir pelo menos uma vez por dia para as orações diante do Canto dos Ícones familiar, e esta é uma das mais sólidas maneiras de fazer com que as crianças percebam que a sua casa é mesmo uma "pequena igreja". Isso também faz com que as crianças entendam que a adoração a Deus não é algo de "uma vez na semana", mas sim é algo que toma o nosso coração e que fazemos durante toda a vida.

3) A "pequena igreja" deve ser centrada na "grande Igreja". A participação na Divina Liturgia, nas Vésperas e nos outros demais serviços não deve ser algo facultativo para as crianças, mas sim, elas precisam crescer sabendo que nós, os cristãos ortodoxos, simplesmente temos os serviços divinos como o que há de mais importante em nossas vidas, sendo evento especial da semana.
A rica vida litúrgica da Igreja, tanto na "pequena" quanto na "grande" igreja, irá ajudar muito, ao longo do caminho, a que nossos filhos venham a crescer como adoradores do Único Deus Verdadeiro, a Santíssima Trindade.

4) Após o seu cônjuge, seus filhos devem ser as pessoas mais importantes das suas vidas. Após consolidar um casamento forte, a saúde de suas crianças e a busca pela sua santidade deve ser a prioridade para uma família.
Interesses pessoais e hobbies que estejam em conflito com esta prioridade precisam
ser colocada em espera até que os filhos estejam criados. Quanto mais investirmos em nossas crianças, mais elas se identificaram com os nossos valores e caminharam pela estrada que propusemos a eles.
"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele."

Bom, além de todas estas sugestões positivas, tenho uma lista de coisas a partir das
quais os pais cristãos precisam proteger seus filhos. Há muitas coisas na nossa cultura que podem não parecer ser intrinsecamente más, mas na realidade são objetos da guerra instituída contra as nossas crianças, e que as impedem de viver uma vida santa cristã.
É em relação a essas coisas que a referência romena ao "pequeno mosteiro" se torna particularmente relevante.

1 Video Game : Estes, mesmo os tipos educacionais, podem ser prejudiciais na medida em que podem criar uma dependência excessiva do entretenimento, estimulação visual e áudio, e de gratificação imediata.
Muitos jogos são abertamente anticristãos, pois promovem a violência, egoísmo, luxúria, comportamento criminoso e busca do prazer de todos os tipos. Além disso, eles criam hiperatividade, impaciência, nervosismo, e a necessidade de estar constantemente entretido e estimulado.
De forma alguma esses jogos ajudam a criança a viver uma vida de meditação sobre Deus, tranqüilidade, paciência, trabalho duro, e viver para os outros.

2. A televisão, música, internet, revistas e outras formas de meios de informação secular: Os pais devem regular estritamente os tipos de conteúdo aos quais os
seus filhos estão expostos, assim como o abade de um mosteiro dá a sua bênção para os monges realizarem as suas tarefas e atividades.
É um grave erro permitir que as crianças criem um reino livre para estes tipos de
conteúdo. Tudo deve ser examinado sob a ótica das Sagradas Escrituras, dos Padres da Igreja, e toda a Tradição da Igreja. Qualquer forma de entretenimento ou informação que não levantar e edificar a pessoa humana, criada à imagem de Deus, deve ser evitada ou proibida.

3. Tolerância com a impureza sexual e promiscuidade: Nossa cultura popular secular está em guerra contra as nossas crianças, buscando retirar a sua inocência e virgindade. Os pais cristãos ortodoxos precisam falar com seus filhos sobre questões sexuais, logo que tenham idade suficiente para compreender o assunto. Eles devem ser ensinados que a virgindade é o maior prêmio de sua infância e
o maior presente que podem dar a seu futuro esposo.

Os pais precisam estabelecer sim, parâmetros " a moda antiga" para os seus filhos
no que diz respeito ao namoro e ao relacionamento geral com o sexo oposto.
As vidas dos santos (monges e casados) devem ser apresentadas como um exemplo de fidelidade matrimonial, castidade e pureza. As crianças devem ser expostas à vida monástica na Igreja, e ter a possibilidade de considerar o monaquismo como uma escolha de vida.

Os pais ortodoxos não devem se acomodar e passar a entender que seus filhos serão incapazes de manter a sua virgindade em um meio cultural que os empurra de forma tão agressiva para serem sexualmente ativos. Temos então de sermos também agressivos e militantes na promoção da pureza sexual para os nossos filhos, e muitas vezes isso significa dizer não a eles.
Significa dizer não a camisetas que deixam a barriga de fora, mini saias e outros artigos de vestuário que cada vez deixam mais do corpo humano a mostra. A industria está determinada a fazer com que toda mocinha ainda adolescente seja o mais sensual quanto possível.
E tal coisa simplesmente não é compatível com o Cristianismo Ortodoxo.

4. Álcool, tabaco e outras drogas : Essas substâncias representam uma grande ameaça para a saúde espiritual e física dos nossos filhos.
Na verdade, o uso do tabaco é um elemento que indica o encaminhamento de uma criança para outros males, como o mau desempenho escolar, a promiscuidade sexual, a atividade criminosa, e outros comportamentos de risco.
Os pais precisam ter uma linha aberta com os filhos sobre estas substâncias, desde os primeiros anos e as crianças precisam ter uma mensagem clara de desaprovação de seus pais sobre o uso de qualquer substância alteradora da mente, incluindo o cigarro.

Concluindo, os pais cristãos ortodoxos não podem se dar ao luxo de serem fracos. Precisamos ter a autoridade de um abade em nossos "pequenos mosteiros", proporcionando aos nossos filhos a formação espiritual banhada na tradição da Igreja.

Isto exige coragem e força mental, a capacidade de suportar até a ira de nossos filhos, e determinação para estar indo sempre contra a maré atual.

A paternidade cristã no Século XXI é como nadar contra a corrente em um rio caudaloso. Mas a boa notícia é que se permanecermos firmemente ancorados na Barca da Igreja, nós e nossos filhos não seremos arrastados nas águas revoltosas de um povo que se esqueceu de Deus.

Temos na igreja todos os recursos que precisamos para criar filhos santos e saudáveis, que vão ser capazes de manter as suas virgindades e ficar livres da dependência de drogas, e alcançar seu pleno potencial como seres humanos criados à imagem do Deus Único em uma Santíssima Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo.

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