
Orientação pastoral da Igreja Ortodoxa Russa, através do documento "Bases para um conceito social".
"A Bíblia diz que “o vinho alegra o coração do homem“ (Sl 104.15) e “ele é bom… se for bebido moderadamente” (Sr 31:27).
Mas nós repetidamente encontramos tanto nas Sagradas Escrituras quanto nos escritos dos santos padres uma forte denúncia ao vício de beber, que, começando inoticiável, leva a muitos outros pecados ruinosos.
Muito frequentemente beber causa a desintegração da família, trazendo enorme sofrimento a tanto a vítima desta enfermidade pecaminosa quanto a seus familiares, especialmente as crianças.
“Beber é animosidade contra Deus… Beber é um demônio voluntariamente cortejado… Beber afasta o Espírito Santo”, escreve São Basílio, o Grande.
“Beber é a raiz de todos os males… O bêbado é um cadáver vivo… Beber em si mesmo pode servir como punição, preenchendo como isso é a alma com confusão, preenchendo a mente com trevas, fazendo de um bêbado prisioneiro, sujeitando alguém a inumeráveis doenças, internas e externas… Beber é uma besta multifacetada e de muitas cabeças… Aqui dá origem à fornicação, ali à ira, aqui à aridez da mente e do coração, ali ao amor impuro… Ninguém obedece a má vontade do demônio tão fielmente quanto o bêbado”, exorta São João Crisóstomo.
“Um homem bêbado é capaz de todo mal e propenso a toda tentação… Beber torna seus aderentes incapazes de qualquer tarefa”, testifica São Tícon de Zadonsk.
Ainda mais destrutiva é a cada vez maior dependência das drogas — a paixão que torna uma pessoa escravizada por ela extremamente vulnerável ao impacto das forças obscuras.
A cada ano esta enfermidade terrível engole mais e mais pessoas, tirando um grande número de vidas.
O fato de que os mais passíveis a ela são os jovens a torna uma ameaça especial à sociedade.
Os interesses egoístas do negócio da droga ajuda a promover, especialmente entre os jovens, o desenvolvimento de uma especial pseudocultura da “droga”. Ela impõe às pessoas imaturas os estereótipos de comportamento na qual o uso da droga é vista como “normal” e mesmo um atributo indispensável das relações.
A razão principal para o desejo de muitos de nossos contemporâneos em escapar ao domínio das ilusões alcoólicas e narcóticas é o vazio espiritual, a perda do significado da vida e linhas orientadoras morais borradas.
A dependência das drogas e alcoolismo aponta para a doença espiritual que afeta não só o indivíduo, mas também a sociedade como um todo.
Esta é a retribuição pela ideologia do consumismo, o culto a prosperidade material, pela falta de espiritualidade e pela perda dos ideais autênticos.
Em sua compaixão pastoral pelas vítimas do alcoolismo e da dependência das drogas, a Igreja lhes oferece apoio espiritual na superação do vício.
Sem negar a necessidade de ajuda médica a ser dada nas fases críticas da dependência das drogas, a Igreja presta atenção especial na prevenção e reabilitação que é mais efetiva quando aqueles sofrendo participam conscientemente na vida eucarística e comunal."
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