Santo Antônio, o Grande

Conhecido também como Santo Antônio, o egípcio, Santo Antão do Deserto ou Santo Antônio, o Grande. No Brasil é conhecido também como Santo Antônio Abade. Foi um dos fundadores da vida monástica e é também chamado de Antônio do Egito.

Nasceu em Fayum, no Alto Egito, perto de Heracleopolis Magna cerca do ano 251. Tinha 20 anos quando seus pais faleceram e ele herdou os bens da família. Foi nesta época que, participando de uma liturgia, ouviu as palavras de Jesus: "Vai, vende tudo que tens, distribui o dinheiro aos pobres e terás um tesouro duradouro no céu; então, vem e segue-me!" (Mc 10, 21). Estas palavras atingem o jovem, que vende sua herança, coloca sua irmã em um convento e inicia uma vida de eremita. Primeiro ele se tranca em um castelo abandonado, não mantendo qualquer contato com o mundo. Ali, está ele só com Deus.

Todavia, não é somente a Deus que ele encontra, pois encontra-se também consigo mesmo. É então que ele sente o tumulto do seu interior e é confrontado com sua própria sombra. As pessoas que passam diante do castelo ouvem uma luta barulhenta. Trata-se de uma luta demoníaca, a disputa com as forças do inconsciente, as quais se comportam como animais selvagens. Os demônios lançam-se sobre Antão com ruidosa gritaria, mas ele resiste. E quando as pessoas arrombam seu castelo, vem-lhes ao seu encontro um homem "iniciado em profundo mistério e apaixonado por Deus". É assim que ele é caracterizado por Santo Atanásio, que escreveu sua biografia, contando os detalhes de suas provações, sofrimentos e milagres: "Límpida era a constituição de sua alma. Ele nem se tornou carrancudo por meio do mau humor nem dava vazão à sua alegria, como também não precisou lutar com o riso e a timidez. Ao ver a multidão, não ficava perturbado e, quando tantas pessoas o saudavam, ele não se alegrava, mas ficava perfeitamente igual em si mesmo, como alguém que a razão governa e que se encontra em seu estado natural. O Senhor curou, por meio dele, muitos daqueles que estavam presentes ali e sofriam no corpo, e purificou outros tantos dos demônios. O Senhor dava a Antão uma graça através de sua palavras, de maneira que consolava muitos aflitos e reconciliava entre si muitos que estavam em conflito."

A partir daí, Antão retira-se mais profundamente para o deserto. Vai para uma montanha em Pispir (agora Deir el-Memum) e fica lá em uma vida solitária por 20 anos. Pessoas que o apoiavam, atiravam comida sobre a parede do forte, mantendo-o vivo, mas nunca viam sua face. Vagarosamente outros construíam uma comunidade em cavernas ou cabanas por perto. Eles pediam a Antão que saísse de sua reclusão para dirigir as suas preces e dar os seus conselhos e lições. Seu exemplo faz escola. Por volta do ano 300 é possível encontrar eremitas em todos os lugares no deserto. Muitos deles discípulos de Antão.

Em 305, Antão emergiu com grande vigor e saúde. Ele ficou com os eremitas por 5 anos, regulamentando o trabalho comunitário, as orações e as penitências. Depois foi para um deserto entre o Nilo e o Mar Vermelho, em um local chamada Monte Kalzim. Um monastério, chamado Diem Mar Antonios, foi erigido neste local. Este período de reclusão não era tão restrito quanto os anteriores, pois Antão foi para Alexandria em 311 confortar os mártires das perseguições que estava acontecendo na época e voltou anos mais tarde para argumentar vigorosamente contra a heresia Ariana lado a lado com Santo Atanásio.

Antão ficou conhecido como um homem bom, generoso, corajoso, com bom senso, leal e sem nenhum excesso e ostentação. Era amigo de São Paulo de Tebas, chamado de o "eremita" que recebia meio pão por dia dos corvos. Diz a tradição que quando Antão foi visitá-lo, os corvos trouxeram um pão inteiro. O Imperador Constantino, o Grande (323-337), era um dos milhares que procuravam Antão para ensinamentos e inspirações.

Antão escreveu várias cartas e sermões para jovens eremitas. A vida de Santo Antão, descrita por Santo Atanásio, também salva muitos de seus sermões e discursos. Uma regra monástica datada daquela era é creditada como tendo os seus ideais, suas idéias e suas crenças. Morreu em 17 de janeiro de 356, com 105 anos e foi enterrado em uma cova não marcada conforme seu pedido, mas em 561 suas relíquias foram descobertas e foi trasladado para Alexandria, Constantinopla.

As relíquias de Santo Antão, acreditam os estudiosos do assunto, foram salvas dos Sarracenos em Constantinopla (agora Istambul, Turquia) em 635 e sua festa é celebrada, no Oriente e Ocidente, no dia 17 de janeiro.