Missão Ortodoxa da Proteção da Mãe de Deus
Igreja Ortodoxa Russa - Patriarcado de Moscou
Diocese da Argentina, Brasil e América do Sul
Sinais dos 3 Hierarcas

SINAXE DOS TRÊS SANTOS HIERARCAS:

Basílio, o Grande; Gregório, o Teólogo; e João Crisóstomo

(MATINAS: Jo. 10, 9-16 | LITURGIA: Hb. 13, 7-16; e Mt. 5, 14-19)*

Há quase nove séculos que os cristãos do Oriente, ortodoxos ou católicos de rito bizantino, no dia 30 de janeiro, celebram numa única festa os três santos bispos e doutores: Basílio, o Grande, Gregório, o Teólogo (ou Nazianzeno) e João Crisóstomo. A festa não tem uma correspondente no calendário romano, no qual, porém, são celebrados respectivamente em 2 de janeiro os santos Basílio e Gregório, e em 13 de setembro São João Crisóstomo. No calendário bizantino os três "hierarcas" possuem também uma festa em dias separados: São Basílio é comemorado no dia 1º de janeiro, aniversário de sua morte (379) (juntamente à festa da Circuncisão de N.S. Jesus Cristo); São Gregório, o Teólogo, como é apelidado no Oriente o bispo de Nazianzo morto no ano 390, é comemorado em 25 de janeiro; e São João Crisóstomo em 13 de novembro e 25 de janeiro, dia em que foram trasladadas as suas relíquias de Cumana (onde morreu exilado em 407) para Constantinopla, na presença do Imperador do Oriente, em 438. A festa conjunta dos três santos, no Oriente bizantino, remonta ao ano 1084. Naquele tempo, sob o imperador Aléxio Comneno, em Constantinopla e proximidades, surgiam discussões animadas sobre qual entre os três santos fosse o maior: de Basílio, louvavam-se sua inteligência excepcional e sua austeridade exemplar; de Gregório se louvava a sublime teologia expressa em estilo elegante; de Crisóstomo, enfim, louvava-se a excepcional eloquência e a força convincente de seus discursos. Na incerteza e perplexidade para a resposta, pensou-se em recorrer ao santo e douto bispo João, metropolita dos Eucaitas. Este se pôs em oração e, a noite seguinte, teve a alegria de uma aparição dos três grandes Doutores da Igreja que lhe disseram: “Fala àqueles cristãos de pôr fim a suas discussões e contendas. Perante Deus nenhum de nós três é maior do que os outros; entre nós não existem desacordo nem divisões. Aquilo em que um creu e ensinou, também os outros creram e ensinaram. Levanta-te, pois, e diga-lhes que fiquem na paz e na concórdia. E, para afirmar praticamente essa unidade da nossa fé, escolhe um dia em que se faça celebrar em nossa honra uma liturgia para agradecer a Deus pelas graças que concedeu a nós três e, por nosso meio, a toda a Igreja.” Assim foi feito. O metropolita João escolheu o dia 30 de janeiro e ele mesmo compôs o Ofício para celebrar a nova solenidade em honra dos três santos Padres e Doutores universais. A maior parte dos textos litúrgicos do dia lembram “os três grandes luminares” juntos, mas em algumas partes se evidenciam as qualidades específicas de cada um, nomeados individualmente. A importância da festa é ressaltada também porque, se a data cai num domingo de Pré-Quaresma ou em outro dia liturgicamente importante, a festa é transferida para outro dia da semana.

Poder-se-ia fazer uma litania elencando os numerosos atributos que elogiam os três santos: “Três astros que juntos brilham no universo,” “anjos terrestres e homens celestes,” “colunas e alicerces da Igreja,” “sustentáculo dos fiéis e flagelo dos hereges,” “médicos para as enfermidades espirituais e corporais,” “pastores que nutriram com ensinamentos divinos,” “instrumentos do Espiríto que anunciam a verdade,” “oradores do Verbo,” “trombetas sonoras da divina pregação,” “campeões da Trindade,” “baluartes da fé,” “três verdadeiros Apóstolos após os Doze de Cristo,” “rios por onde correm as águas vivas do Éden,” “Doutores divinos e universais,” “Padres teóforos,” “tochas para o mundo e força vital para os pobres,” “teólogos da palavra de ouro,” “combatentes fortes e invencíveis,” “exploradores da profundeza do Espírito...” e poder-se-ia continuar, porque o estro poético e a forte imaginação dos orientais são bem evidentes nesses textos litúrgicos. Em alguns trechos se faz alusão às qualidades específicas de cada um dos três santos: Basílio “espírito eminente” possui um nome régio; Gregório é o “epônimo da teologia” e “quebrou as cadeias da heresia com a sabedoria da sua doutrina,” João Crisóstomo “de nome bem escolhido...” “pregou incessantemente” e é “árvore de vida com frutos de imortalidade.” O número “três” dos santos comemorados conjuntamente relembra com frequência a Trindade dos quais foram eminentes servidores. Do hino das Matinas respigamos: “No prado das Sagradas Escrituras, como abelhas escolhestes as flores mais belas para alimentar os crentes com o mel dos vossos ensinamentos; possuidores de tal doçura, em júbilo cada um exclama: 'Também após a vossa morte, eis-vos de novo presentes entre os que celebram vossa memória, ó Bem-aventurados.”

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